Um dos principais desafios da saúde mental para estudantes é a ansiedade. Não importa o grau de ensino, o curso ou a pessoa: estamos todos suscetíveis a apresentar algum quadro ansioso nesse estágio da vida. Da mesma forma, não há uma fórmula pronta para lidar com a ansiedade nos estudos. Mas algumas dicas podem ajudar a conviver com ela!
Por isso, no segundo texto do especial Janeiro Branco: Saúde Mental e Estudos, vamos entender melhor o que é a tão temida ansiedade!
Se preferir, navegue pelo índice abaixo.
- Tem como acabar com a ansiedade? Mas o que é ansiedade?
- Terapia é só para “gente louca”?
- Transtorno de Ansiedade: o que é o que fazer para tratar?
- 7 dicas para lidar com a ansiedade nos estudos
Destaques: |
Tem como acabar com a ansiedade? Mas o que é ansiedade?
Antes de mais nada, vale a pena entendermos que ansiedade é um sentimento humano natural e nosso objetivo não deve ser não sentí-la. Mas sim buscar formas de lidar com o sentimento para ele ter um limite saudável que não atrapalhe a sua vida cotidiana.
Assim, querer acabar com a ansiedade também não é saudável, emocionalmente falando. Enquanto seres humanos, nossa vida é cheia de altos e baixos, sentimentos positivos, negativos e neutros. Isso se mescla ao longo do dia a dia e é totalmente normal.
Da mesma forma que é normal uma pessoa sentir tristeza eventualmente e isso não signifique que ela esteja com depressão, sentir ansiedade pode não significar que a pessoa possui um transtorno mental.
Por exemplo, no primeiro dia de aula, é normal sentir ansiedade pelo novo ciclo, aquele friozinho na barriga, que traz até um ânimo. No entanto, caso você não queira ir de jeito nenhum e chegue a faltar, é sinal de que seu nível de ansiedade é mais alto do que deveria. Nesse caso, o acompanhamento profissional se faz fundamental para a melhora.
Não tenha vergonha de cuidar de você mesmo(a)!
Terapia é só para “gente louca”?
Não! Por muitos anos, a psicoterapia e o acompanhamento com profissionais de saúde mental de modo geral foram vistas como necessárias somente para pessoas com quadros mentais avançados e extremos. Pejorativamente, associados a termos como pessoas “loucas”.
Dois pontos são importantes para desmistificar esse termo. O primeiro é que toda pessoa possui sentimentos, medos, inseguranças, alegrias, tristeza, etc. em menor ou maior grau ao longo dos dias. Tanto a psicologia, quanto a psicanálise e a psiquiatria são profissões para atuar nas questões da mente humana.
Toda pessoa pode fazer terapia independentemente de ter alguma doença mental ou não, pois o acompanhamento terapêutico também é psicoeducativo o que possibilita uma compreensão maior de quem somos e como lidamos com as questões do mundo.
A segunda é que mesmo que a pessoa tenha alguma doença mental ou transtorno, não significa que ela seja “louca”. A loucura é, na verdade, um termo antigamente associado a quadros em que a pessoa não assimilava a realidade como ela se apresenta. Mas isso desconsidera a subjetividade de cada indivíduo. Então, não é um termo adequado e muito menos deveria ser utilizado como ofensa a alguém com problemas de saúde mental.
Após muitos anos de estudos, foi possível entender que doenças mentais são reflexo de uma soma de fatores: biológicos, sociais, entre outros. Assim como doenças “físicas”, como o diabetes.
Por exemplo, é possível cuidar da alimentação e de fatores externos para prevenir o diabetes, a menos que seja hereditário, mas quando a pessoa já tem a doença, é preciso fazer o tratamento adequado com especialistas da área.
Da mesma forma acontece (ou deveria acontecer) com problemas da saúde mental. Algo que se intensificou ainda mais depois da pandemia do coronavírus, com alto impacto na saúde mental da população mundial.
Transtorno de Ansiedade: o que é o que fazer para tratar?
Agora que já entendemos que não dá para acabar com a ansiedade, precisamos falar sobre quando esse sentimento passa do limite adequado e pode ser diagnosticado quando uma doença mental.
Para ser diagnosticada com transtornos de ansiedade, a pessoa deve ser avaliada e fazer acompanhamento com profissional adequado, nesse caso o médico psiquiatra. É papel do psiquiatra tratar da saúde mental do ponto de vista fisiológico, considerando o contexto de cada paciente, inclusive fazendo a indicação, quando necessário, de medicamentos específicos e também de psicoterapia.
Sendo assim, a saúde mental é uma área multidisciplinar e conciliar tratamento psiquiátrico com psicoterapia é fundamental para resultados mais assertivos e duradouros.
7 dicas para lidar com a ansiedade nos estudos
Se está difícil lidar com a ansiedade nos estudos, confira 7 dicas que podem te ajudar nesse período!
1. Não usar fórmulas prontas para a ansiedade nos estudos ou na vida
O que mais tem nas redes sociais são pessoas disseminando informações falsas e preconceituosas, especialmente sobre saúde mental. Há também fórmulas prontas, como: medite para acabar com a ansiedade; faça o curso X e não tenha mais crises de ansiedade; busque a religião como cura, etc.
Por isso, a primeira dica é: não existem fórmulas mágicas para lidar com a ansiedade!
2. Psicoterapia e acompanhamento médico
Lidar com os sentimentos e emoções é algo complexo e a melhor forma de entender o que funciona melhor para você é com um atendimento individualizado. Apesar de desabafar com amigos e familiares ser, às vezes, um bom alívio para as angústias e inquietações, somente profissionais de saúde têm conhecimento suficiente para conduzir o processo terapêutico de tratamento.
Além disso, ao longo da terapia, o(a) próprio(a) psicólogo(a) pode apontar a necessidade do acompanhamento psiquiátrico.
3. Planejamento e organização
A saúde mental como um todo pode afetar os estudos de várias formas. Ansiedade, dificuldade de concentração e memorização, entre outros, podem ser minimizadas com técnicas de planejamento e organização.
Por exemplo, inclua mini metas, que sejam alcançáveis, para você se sentir realizado(a) ao longo do caminho e aumentar sua motivação. Se você quer ler um livro de 80 páginas em um mês, mas não está conseguindo por achar muita coisa, coloque mini metas semanais e diárias, conforme você se sentir mais à vontade. Ler 80 páginas parece mais difícil do que ler 2 a 3 páginas por dia!
4. Autocuidado e respeito
Você falaria para seu melhor amigo(a) o que costuma falar para você mesmo? Se você se cobra demais ou se ataca com frequência, entra em um ciclo de se sentir insuficiente, se puxar ainda mais para baixo e não encontrar motivação para se erguer, assim a ansiedade se torna um fator paralisante.
Exercitar o autocuidado pode te ajudar a se respeitar e incluir pequenas celebrações pessoais. Se você tirou 6 em uma prova, foque em melhorar, sem se ofender e celebre que já acertou mais da metade, por exemplo!
5. Sono de qualidade
Durma! Sim, pode parecer simples, mas nem sempre é fácil colocar em prática. Pessoas com ansiedade apresentam frequentemente alterações no sono para mais ou para menos.
Algumas técnicas de higiene do sono podem ajudar, como evitar o uso de telas 1 hora antes de dormir, apagar luzes e reduzir barulhos. Busque conciliar na sua rotina ao menos 6 horas de sono de qualidade por dia.
6. Inclua a atividade física na sua semana para melhorar a ansiedade nos estudos
Cuidar da alimentação, aumentar a ingestão de água e fazer atividade física ao menos 3 vezes por semana ou 15 minutos por dia podem fazer total diferença na sua saúde mental e física.
Isso porque essas práticas liberam substâncias no organismo que causam relaxamento e bem-estar, além de melhorar a qualidade do sono.
7. Estabeleça uma rotina que funciona
Estabelecer uma rotina que considere seus horários, atividades diárias obrigatórias e opcionais é um bom exercício para pessoas com ansiedade.
Defina 3 coisas que você deve fazer em cada dia; Entenda quanto tempo mais ou menos cada uma leva para ser feita e se programe para o que mais você quer fazer.
Isso ajuda a definir o que é ou não prioridade e pode ajudar a reduzir um gatilho de ansiedade: culpa e autocobrança.
Saúde mental não é uma linha constante e entender isso é importante para aceitar que nem todo dia estaremos bem e tudo bem! Recalcular a rota pode ser necessário e, sem se limitar ou se diminuir, tenha em mente que você faz o que consegue fazer e isso já é uma conquista.
Gosta de saber mais sobre saúde mental e estudos? Então, confira toda terça-feira aqui no Gran: o divã do Concurseiro. Programa conduzido pela psicóloga clínica e neuropsicóloga, criadora da teoria sobre equilíbrio emocional para concursos, Juliana Gebrim e convidados. Para assistir o programa, clique no link abaixo: